A pessoa convenceu a esposa, negociou salário, fez planos, compras, compromissos, colocou o filho na escola, a esposa abriu empresa, quebrou contratos, fez novos contratos, adiou viagens, avisou a família, comemorou, recusou outros trabalhos, e na véspera de começar, veio a bomba.
A empresa desistiu da contratação.
Ou a pessoa tem um passado negro, ou é mesmo muita irresponsabilidade da empresa.
A primeira hipótese está descartada, o que nos resta, a
segunda.
A justificativa é das mais estapafúrdias. A empresa não
contrata estrangeiros. Uma multinacional que não contrata estrangeiros? Nunca
ouvi falar.
Ou talvez seja uma desculpa esfarrapada para não contratar
um estrangeiro em plena crise. Ia pegar meio mal. Afinal, nada mais justo
oferecer um dos poucos empregos do país para uma pessoa do próprio país. Certo?
Há controvérsias.
De onde eu venho isso tem nome, e bem feio, se chama
xenofobia. É por isso que duvido muito que seja uma prática legalizada.
O que aconteceu foi real, a tal esposa sou eu. E não foi
bacana, tenho que dizer.
Primeiro pela atitude de fazer uma proposta sem saber as
regras. É muita falta de profissionalismo. Segundo pela regra em si, se é que ela existe.
A empresa entregou até Manual de Conduta de funcionário.
Estou pensando se devo retribuir entregando um Manual de Conduta para a
empresa.
Quando meu irmão foi morar na Austrália achei o máximo.
Quando voltou perguntei à minha cunhada se ela não ficaria lá pra sempre. Ela
me disse uma coisa que me marcou.
"Não importa quanto tempo você fique, você sempre será um
estrangeiro."
O fato é que a relação entre brasileiros e portugueses vai
muito além de colonizados e colonizadores.
Este comportamento do séc. XV nunca
esteve tão atual.
A tal empresa, mesmo sendo multinacional, prefere um
português, com qualificação inferior (para não ouvir mimimi), a infringir as tais
regras que a tornariam melhor, mais competitiva, contratando um brasileiro.
E de quebra, iria
aprender o significado de: legal, estapafúrdio, bacana, esfarrapado e mimimi.
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