terça-feira, 10 de julho de 2012

Pronto, falei!


Eu apoio este grupo de pais que se preocupa com a publicidade infantil. Faço parte, compartilho, posto o conteúdo coletivo (como o último).
Eles realmente me fizeram pensar sobre o assunto, e cheguei a uma conclusão: todo esse auê me parece um desperdício enoooorme de energia.
Primeiro porque, como publicitária, fico com dó da ingenuidade dos pais que cobram do Conar uma postura mais rigorosa frente aos comerciais abusivos. O Conar é um órgão AUTO-regulamentador. O que se deve esperar de um publicitário que julga outro publicitário?
Desde que comecei na propaganda, há quase 10 anos, "todo mundo" sabe (pelo menos eu achava que sabiam) que "todo mundo" faz um comercial teoricamente proibido e veicula, ou melhor bombardeia, na sexta, sábado e domingo, porque o Conar só vai intervir na segunda feira, já que não trabalha no fim de semana. Não há veiculação na segunda feira, não porque o Conar vetou, mas porque já é programado para ser assim, já que é óbvio que vai ser vetado, o investimento é só para aquele período.
Sim, pessoal, a propaganda pode ser cruel.
A indústria farmaceutica não faz campanha de prevenção ao câncer de mama porque ela é bacana, mas porque quanto antes você descobrir a doença, mais tempo você irá usar o remédio deles.
Dos países do BRIC (os emergentes Brasil, Russia, India e China) só o Brasil está indo no caminho inverso de crescimento, incentiva ferozmente o consumo interno, baixa imposto, dá crédito, enquanto os outros países produzem e investem, nós produzimos e consumimos.
O Brasil escolheu viver bem o hoje, sem pensar no amanhã. E o povo larga carro, geladeira e sofá na rua, porque "precisa" trocar. Algo totalmente mal planejado, mas já estou me perdendo, porque isso é assunto para outro post.
Voltando ao consumo consciente infantil, hoje achei que o grupo de pais responsáveis forçaram a barra criticando a campanha da SuperNanny.
Achei um desperdício de energia mesmo. A fórmula publicitária "tudo errado para apresentar a solução" é a mais antiga de todas.
Pra mim, é difícil mesmo convercer meu filho que não dá, e nem se desse, ele teria todos aqueles brinquedos anunciados.
Mas olha, se não quer que seu filho seja influenciado pelos comerciais de tv, não brigue na justiça para proibí-los... tem uma coisa muito mais fácil e menos dispendiosa do que isso: o controle remoto.
"Na boa véi"... desliga a tv, para de reclamar, e vá brincar com seu filho! A probabilidade de ele gostar muito mais de empinar pipa do que o Max Steel é enorme, tenho certeza.
Quem está engajado no tal grupo, é porque se preocupa. Quem não está, obviamente não vai se engajar, e aí, não temos muito o que fazer por eles a não ser ajudar a conscientizá-los. Concluindo, ao invés de punir, restringir ou proibir comerciais, porque não gastar energia em educar os pais por exemplo?
A Nanny não é a minha forma de educar, mas pelo menos ela faz esse esforço, o que eu acho muito mais válido do que fazer esse auê todo.
E outra coisa, a campanha nem tinha tanta repercursão assim, agora com esse reforço, deve ter alavancado alguma atenção.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Carta Aberta ao Conar


Duas recentes medidas do Conar referentes aos abusos da publicidade voltada para as crianças nos deixaram preocupados e ainda mais descrentes da atuação deste órgão com relação à proteção da infância.
A primeira foi a decisão de sustar a campanha da Telessena de Páscoa por anunciar para o público infanto-juvenil um produto que só pode ser vendido para maiores de 16 anos (de acordo com regulamentação da SUSEP). A segunda foi a advertência dada pelo Conar à Ambev, com relação ao ovo de páscoa de cerveja da Skol.
Ambas atitudes do Conar seriam dignas de aplausos – se tivessem sido tomadas quando as campanhas publicitárias estavam no ar, na Páscoa, em março. Mas o Conar só agiu em junho, quando as campanhas já não eram mais veiculadas.
Com isso, não houve nenhum impedimento para que a mensagem indevida da Telessena atingisse impunemente milhões de brasileirinhos e que a Ambev promovesse bebida alcoólica através de um produto de forte apelo às crianças. A advertência à Skol é ainda mais ineficaz, pois não impede que no próximo ano, produto semelhante seja oferecido.
O Movimento Infância Livre de Consumismo vê nessas decisões a comprovação de que o atual sistema de autorregulamentação praticado pelo mercado publicitário brasileiro é lento, omisso e ineficiente. Fato ainda mais grave quando se trata da defesa do público infantil.
Por isso, exigimos que a publicidade infantil sofra um controle externo como todas as atividades empresariais. Reiteramos nossa postura de que, sem leis e punição, jamais teremos uma publicidade infantil mais ética.
Nós, mães e pais, exigimos respeito à infância dos nossos filhos e solicitamos que estas duas atuações não constem dos autos do Conar como casos de sucesso. Contabilizar pareceres dados depois que as campanhas saíram do ar, como exemplo da firme atuação do Conar, é propaganda enganosa. E isso contraria o tal Código de Autorregulamentação que os publicitários insistem em tentar nos convencer que funciona.
(Este texto faz parte de uma blogagem coletiva proposta pelo Movimento Infância Livre de Consumismo juntamente com blogs parceiros. Este movimento é composto por pais e mães que desejam uma regulamentação séria e eficiente da publicidade voltada para crianças. Para saber mais acesse: http://www.infancialivredeconsumismo.com.br)